Missão (Oraculo)

Individual ou em Grupo: Em grupo
Nome(s) do(s) participante(s): Cláudia Silva e Mikurey
Equipamento que irão levar na missão: Armas, comida, dinheiro e um pégaso (Minerva)
Porque quer ir em missão? Para mostrar o que dois filhos de Atena valem juntos.

O filho de poeta, Meu irmão

Na minha mente, estas palavras ganharam um sentido imediato:
-Maighel! - disse eu - Ele está em missão..
-Achas que...? - perguntou Mikurey.
-Só pode! E se a nossa missão é ajudar-lo, é porque corre perigo! - disse eu.
Eu estava branca como a cal. Apesar de não conhecer o Maighel há muito tempo, éramos grandes amigos, e eu gostava muito dele.
- Tem calma! - sossegou-me ele - O Maighel é um rapaz forte, lembra-te que é a sua 2ª missão. E não tarda nada vamos encontrá-lo e ajudá-lo com a missão. O oráculo até deu uma localização bem precisa. A cidade entre as montanhas. Eu penso que devemos ter um mapa dos balcãs na cabana, vai ser fácil encontrar a cidade.
-Sim, - concordei eu, mais tranquila, - até podemos levar a Minerva, ela é rápida, e deve poder com ambos!

-Pelas vossas caras, parece-me que vão em missão! - comentou Quíron, sorrindo.
Nem me tinha apercebido que ja tinhamos descido as escadas...
-Sim, é verdade - respondemos ambos.
Quíron e o Sr D. trocaram um olhar rápido.
-Cláudia, percisamos de falar. - disse-me o velho centauro.
Dito isto conduziu-me a um armário de arrumações.
-Pela tua cara, passa-se algo de errado - comentou ele.
-Pois. - confirmei eu, mordendo o lábio. - É o Maighel. Acho que o oráculo quer que o salvemos....ele corre perigo.
Tentei conter-me, e disfarçar a preocupação que sentia.
-Hum..compreendo. Isso ás vezes acontece. Eu sei que vocês são grandes amigos. Bem, faz o que tens a fazer, e dá um bom uso ao Elmo da tua mãe. - aconselhou-me ele.
-Obrigado - agradeci.

Quanto regressamos, o Sr D. e Mikurey estavam a jogar póquer, e o meu maninho ganhava, pelo que o deus já bufava.

-Daqui a uma horas espero-vos para vos levar - disse Argos, entrando.
-Não é preciso - argumentei eu, sorrindo - Vamos na Minerva.
-Se querem ir de pégaso, tudo bem, mas Mikurey leva um pégaso do acampamento, eu sei que a Minerva é forte, mas imagino que a viajem será longa. - repreendeu ele
-Ok - respondeu Miku, encerrando o assunto.

Quando iam para a sua cabana, para preparar tudo o que iriam necessitar para a sua missão, Cláudia ia num passo tão acelerado que quase que corria.

- Já te disse para teres calma - disse Mikurey - Ele sabe muito bem o que fazer. Para quê essa preocupação toda por ele, de qualquer forma?
- Miku!!! - disse Claudia, abrandando, num tom de voz incomodado - ele é nosso amigo!
Mikurey, não disse nada e a seguir continuou:
- É essa a razão, ou há mais alguma que eu não saiba?
- Claro que é! - disse ela, o seu tom de voz a ficar um pouco mais agressivo - Deveria haver mais alguma?
- Não, estava apenas a perguntar - respondeu ele.

Quando chegaram á cabana, começaram a guardar tudo o que achavam que deveria ser necessário ou que poderia ser útil para a sua jornada. Comida, bebida, dracmas, dólares, cordas, materiais de higiene, roupa suplente, ambrósia, comida para os pégasos tudo estava a ser guardado nas suas mochilas. Cláudia certificou-se que possuía Vulnéra, Sofia, Córcera e o seu recém-adquirido Elmo da Invisibilidade nas suas suas formas não originais. Mikurey certificava-se que tinha a sua espada e o seu escudo, na sua forma de grossos anéis prateados, um em cada mão.

Tendo as coisas preparadas dirigiram-se aos Estábulos. Cláudia montou-se em Minerva, e Mikurey, num pégaso que lhe iria ser emprestando pelo campo. Mikurey aproveitou para prender o seu cabelo num rabo-de-cavalo, de maneira a que este não o pudesse perturbar, enquanto conduzia. Olhou para o lado e viu a sua irmã a mira-lo com um olhar que claramente dizia "A sério?".

Olharam para o mapa mais uma vez e seguiram, em direção ás Balcãs

Mais uma vez, não houve despedidas. Mikurey ainda não tinha feito grandes amizades no acampamento, e eu estava com demasiada pressa para me lembrar das despedidas.
Montamos os pégasos e partimos a toda a brida. Eu adorava a sensação de voar, mas pelos vistos, Mikurey não estava a apreciar tanto a viagem como eu.
-Miku, estás bem? – perguntei, preocupada.
-Sim, é só que…tu sabes, primeira vez de Pégaso…mas eu estou bem, não te procupes.- ele não estava bem, obviamente, mas teríamos de continuar a viagem á mesma.
-Bem, se precisares de parar um bocadinho, para sentir terra firme, é só dizeres, mano – tranquilizei-o eu.
Tentei mudar para um assunto mais confortável, para ele se esquecer que estava a voar.
-Miku, eu antes de vir consegui uma cópia da missão do Mighel – disse-lhe, entregando-lhe um pedaço de papel.

Filho de Poeta, o coração seguirás:
Seguindo a música caminharás.

Da antiga civilização
Eruditos poetas vieram.
Lunáticos, diziam alguns;
falsos, segundo outros.
Oráculos antes de mim
sua mensagem enviaram.

Se as musas te inspirarem, a profecia cumprirás.
Se as belas te rejeitarem, então falharás
E indigno serás.


- E esta é a nossa – disse, entregando outro papel.

Dignos de glória poderão ser,
Se o filho de poeta encontrarem
E ajudarem.

Aos Balcãs deslocar-se-ão;
Para a cidade entre as montanhas irão.
Meu irmão ajudarão
E juntos, ambas as profecias cumprirão.

- Sabes – comecei eu – se as nossa missão é salva-lo, supostamente devíamos ir para o local onde ele esta, certo?
-Sim – concordou ele.
Se a nossa profecia diz, especificamente que temos de ir para a “cidade entre as monstanhas”, nos Balcãs, é porque o Maighel está lá…
-Certo.
-Mas o Maighel deve estar na cidade onde a profecia dele o mandou…
-Ok, então vamos lá ver onde é que isso é…-disse Miku, acompanhando o meu raciocínio.
Encostamos os pégasos, para poder-mos ver ambos o papel, e comaçamos a tentar decifrar a profecia de Maighel.
-Vejamos - começou Mikurey – Ele tem de seguir o coração … seguir a música..
-Isso para ele é a mesma coisa – interrompi eu – Filho de Apolo..
-Fala aqui em “antiga civilização”…
-Grécia…que vai dar aos Balcãs. -disse eu.
-Estavas certa maninha, então ele está mesmo na Grécia…mas isso é muito geral…
-Vejamos ..
E começamos a tentar interpretar a profecia.

5 Minutos depois…
-DI IMMORTALES! Mano vamos para Delfos – exclamei eu, quase caindo do dorso de Minerva.
-Porquê Delfos? Tem poetas e tudo mas…. – comentou Miku.
Eu nem respondi. Com a mão mostrei-lhe o acróstico:

Filho de Poeta, o coração seguirás:
Seguindo a música caminharás.

Da antiga civilização
Eruditos poetas vieram.
Lunáticos, diziam alguns;
falsos, segundo outros.
Oráculos antes de mim
sua mensagem enviaram.

Se as musas te inspirarem, a profecia cumprirás.
Se as belas te rejeitarem, então falharás
E indigno serás.

- Oh meus deuses... Como é que nós não nos apercebemos disso antes?
- Nós só olhamos bem para as profecias agora - respondeu Cláudia - E agora já temos um destino certo.
- E já não deve faltar muito para lá chegarmos


Contudo, a viagem, iria provar ser um pouco mais atribulada, do que os filhos de Palas Atenas esperavam. Um pouco depois de entrarem em território grego, o pégaso que Mikurey montava, começava a sentir-se exausto, começando a voar cada vez mais lento e mais baixo

- Ele não vai aguentar muito mais tempo! Cláudia temos que aterrar e descansar um pouco! Agora! - exclamou Mikurey


Apressaram-se a aterrar numa pequena clareira. No horizonte, conseguiam ver o que parecia ser uma cidade. Desmontaram os seus pégasos, e aproveitaram para lhes darem algo para comer. De seguida sentaram-se e aproveitarem para se alimentarem também.

- Parece que aquele não é assim muito resistente - disse Mikurey - mas temos que ver as coisas pelo seu lado positivo. Estamos no berço da civilização! Não é todos os dias que se pode dizer isso!
- Mas onde é que estamos, concretamente? - perguntou Cláudia

Os dois olharem para os seus arredores, de forma a tentaram perceber onde se localizavam. Quando se focaram na cidade que se encontrava no horizonte, Mikurey começou a tentar perceber onde estavam, com base nas rotas que tinham tomado. Por fim disse:
- Devemos estar perto de Esparta.

Uau, Esparta!

-Esparta! - disse eu, entusiasmada- Isso soa bastante bem! Estás a pensar no mesmo que eu?
-Talvez...-respondeu Mikurey, sorrindo.
-Enquanto os pégasos descansam, podíamos ir fazer uma visitinha ao templo da mãe!
-Excelente ideia!

Deixamos os pégasos a comer, pousamos as mochilas, e fomos dar uma volta pela cidade. Aos poucos, fui esquecendo a preocupação por Maighel, e passados 5 minutos, eu e Miku já ríamos ás gargalhadas. Nós sabíamos que, antigamente, havia templos dedicados á nossa mãe por toda a cidade, mas a verdade é que não estavamos a dar com nenhum.

Já tínhamos passado o teplo de Artémis, e estávamos a dirigir-nos para umas ruínas que víamos á distância quando vimos, sentada á frente das ditas ruínas, um monstro com corpo de leão, cabeça de mulher, e uma cobra no lugar do rabo:

A Esfinge

Spoiler:

Estava tão quieta que:
-É incrivel Miku! - disse eu, ingenuamente - Este templo está todo em ruínas, mas a esfinge sobreviveu!
-Coitada!- comentou ele - está aqui há tanto trempo que até boceja!

Ambos olhamos um para o outro, espantados:
-DI IMMORTALES! ELA ESTÁ VIVA!

A esfinge fitou os dois aventureiros e disse:

- Saudações, semi-deuses. Serão vocês mais um par de almas perdidas, que procuram passagem para Tebas?
- Uhhhh...Tebas era um bocadinho mais a noroeste de onde nos encontramos - respondeu Cláudia

A criatura olhou para os seus arredores:

- Oh, pois. Ás vezes é um pouco difícil manter-me no ritmo dos tempos sabem? Mesmo assim, agora que me nos encontramos, sou forçada a fazer-vos uma adivinha. E tenho de vos avisar que possuo arsenal novo!

Mikurey e Cláudia, olharam um para outro, com um ligeiro sorriso de confiança. Depois disseram em uníssono:

- Estamos á espera.

- Muito bem - retorquiu a esfinge - Vamos ver se vocês tem os conhecimentos que deveriam ter:

"Da terra sagrada parti,
Num infernal derramamento de sangue combati,
Como ninguém, profundas cavernas atravessei
Á eterna tentação resisti,
Á musica celestial do abismo não cedi
E por fim, ás origens regressei

Quem sou eu?"

Eu e Miku olhamos um para o outro, sorridentes. Ao fim de 30 segundos de conferência, respondemos:
-Ulisses!

A esfinge olhou para nós, espantada, e atirou-se de uma ravina, ao lado das ruínas.

-Não era preciso chegar a tanto - comentei eu.
-Nós temos estes efeitos nos monstros - riu-se Mikurey.

Ainda caminhamos meia hora,antes de desistirmos de procurar o templo da mãe.
-O mais certo é que tenham desaparecido todos - disse ele.
-Pois...-confirmei. - Bem, temos de ir andando, os pégasos ja descansaram, e temos de ir ter com o Maighel.

Voltamos á clareira, pusemos as mochilas ás costas, montamos os pégasos, e voltamos a meter caminho até Delfos.

Mikurey e Cláudia já se encontravam a caminho de Delfos, mas apesar dos seus pégasos serem relativamente rápidos e agora aguentarem perfeitamente a viagem até á cidade, ainda iria demorar algum tempo.

-Hey, Miku... - disse Cláudia - Agora é que eu me apercebi, que ainda não tivemos propriamente tempo para falarmos sobre nós e nos conhecermos melhor. Como foi a tua vida até chegares ao campo?

- Bem realmente, tens razão - disse Mikurey - Bem deixa-me ver... as coisas não tem sido muito boas para o meu lado. Sempre vivi com o meu pai e com a minha madrasta. Sempre vivemos uma vida bastante agradável. Até que, a algumas semanas antes de eu chegar ao campo, a minha madrasta morreu... e não foi só isso - Mikurey começa agora claramente a exibir tristeza - Dois dias depois de a minha madrasta morrer...a minha irmã desapareceu... nunca mais soubemos nada a respeito dela desde então... o meu pai sempre me disse que nos éramos os dois "especiais"...se isso significa que ela também uma filha de uma qualquer deusa...então temo que ela já não viva - Mikurey estava agora a controlar-se para não chorar.

Tentou recompor-se e de seguida perguntou:
- Então e tu? Como foi a tua vida até agora?

Eu tinha muita pena de Mikurey. A verdade é que eu deveria ser uma das semi-deusas mais sortudas de sempre, no que tocava a família. A verdade é que a minha mãe "me" tinha planeado muito bem.

-Eu não me posso queixar muito da minha vida... - confessei. - Tirando a parte em que as pessoas que eu sempre pensei serem meus pais, eram apenas pais adoptivos. Eu cresci num aldeia, no meio do campo. Os meus pais eram inférteis, e, um dia, quando iam a uma consulta, uma mulher veio ter com eles. Ela era loira, bela, e tinha uns olhos cinzento-tempestade..e uma ligeira peturberância na barriga que indicava uma gravidez recente. Parecia ser inteligente e orgulhosa, mas, naquele momento, estava destroçada, e assustada. Ela disse-lhes que estava á espera de um bebé, mas que não podia cuidar dele como merecia. Seria uma criança especial, e ela queria protege-lo dos perigos que o esperavam, e que não se importava de ficar longe dele, nem que ele não soubesse que eram os pais verdadeiros, se isso significasse que ele ficaria seguro. Os meus "pais", pois é isso que lhes chamo, uma vez que cuidaram de mim como ninguém, viram naquilo uma opurturnidade única: o filho com que eles sempre sonharam. Eles era profundamente religiosos, e acreditaram que foi um milagre, concedido pela Virgem Maria, pois era ela quem eles pensaram que fosse. A mulher, que era a nossa mãe, Palas-Atena, encarregou-se de tudo. Eles disseram-lhe a verdade: era inférteis, apesar de o esconderem de todos, e viviam no campo. A deusa disse-lhes para ficarem na cidade durante o tempo da sua gravidez: ela propria pagaria as despesas, e assim eles diriam que a criança era seu filho biológico. Eles concordaram. Sete meses depois nasci eu. Atena entregou-lhe uma carta, e disse-lhes para a abrirem se algo de estranho se passasse á minha volta, e que, em pricipio, isso ocorreria só depois de ter completado 12 anos. Os meus pais e eu fomos para aldeia, onde fui recebida com muita alegria. Cresci como uma criança normal. A verdade é que a aldeia tinha bastantes vacarias, que encobriam o meu cheiro. Na escola, todos louvavam a minha inteligência. Eu era alegre, brincalhona, bem-comportada...tudo o que os meus pais sonharam. Os anos foram passando. Os meus 12 anos vieram, e sucederam-lhes os 13, e continuou tudo normal...até aos 16. Foi aí que as coisas se alteraram. Uma noite, enquanto toda a aldeia dormia, ouviram-se passos. Não eram passos normais...era passos de gigante. Toda a aldeia se sobressaltou. Os homens desataram a pegar em tochas e forquilhas, e as mulheres queimaram misturas que davam um cheiro campestre, enquanto rezavam a todos os santos. A verdade é que a criatura se afastou. Muitos pensaram que eram demónios, mas os meus pais perceberam que era o "algo de estranho", que a mulher mencionara, e abriram a carta. Lá dentro, escrito em letras gregas, que eu logo li, dizia apenas "Acampamento Meio Sangue; Apartado 1100, Lisboa". Juntando todo o dinheiro que possuíam, eles compraram-me um bilhete de comboio até Lisboa. Despedi-me deles, completamente confusa. A viagem foi dura, mas sobrevivi.

-Tens muita sorte então, maninha - disse Mikurey - Parece que a mãe sempre quis o melhor para ti. Eu não tenho a certeza disso....ás vezes chego a acreditar que ela não quer saber de mim.

Aproximando-se do pégaso de Cláudia, Minerva, Mikurey tirou uma fotografia do seu bolso, e olhou para ela, de uma forma que Cláudia conseguiu espreitar:

Spoiler:

- É ela? - perguntou Cláudia, pouco á vontade

Mikurey limitou-se a acenar com a cabeça e a guardar a fotografia no seu bolso. Virou-se para ela e tentando fazer um sorriso,disse:
- Mas basta disto, temos de nos concentrar na nossa missão - e de seguida olhou para a frente - Acho que já consigo avistar Delfos no horizonte!

Inclinei-me mais para a frente no dorso de Minerva, e coloquei a mão á frente dos olhos, para os proteger do sol. Lá estava ela: Delfos, a cidade do mais famoso oráculo, onde Apolo matara Pita.

- Sim, também já a vejo! - disse eu - Está tão diferente do que tem nos livros....
-Pois, - confirmou Mikurey - já passaram 3000 anos, desde os velhos tempos de glória....Bem, mas a cidade é grande, temos de decidir por onde começamos a procurar o Maighel.

Aquilo fez-me voltar a lembrar que o meu amigo estava em perigo, e tínhamos de o encontrar depressa.

-Eu penso que não seria má ideia começar-mos pelo Oráculo. - informei eu. Sabes, ocorreu-me agora uma ideia. Quando o "nosso" oráculo disse, na profecia "Meu irmão ajudarão", nós pensámos que seria o Maighel, mas podia ser....
-O oráculo de Delfos. - completou Miku - Faz sentido. Estamos á espera de quê? Vamos!

Esporeamos os pégasos e, meia hora depois avistamo-lo:

O Oráculo de Delfos:

Spoiler:

Cláudia e Kaito apressaram-se a ir ter com o Oráculo. Contudo quando perto dele, o que encontraram foi nada mais do que um rapaz, por volta dos seus 20, com calças de ganga, uma t-shirt branca, casaco de cabedal preto e óculos de sol, que se sentava numa espécie de trono e fumava, enquanto olhava para baixo.

- Estão atrasados - disse ele, continuando a olhar para baixo
- Huh, tu és o Oráculo de Delfos? - perguntou Cláudia
- Sim, porquê?
- Bem, nos estávamos a espera de uhh.... mais ligaduras, menos carne, percebes? - disse Kaito

O oráculo olhou finalmente para os dois, e centrando o seu olhar em Kaito, levantou os óculos em sinal de espanto

- Oh meus deuses! - exclamou ele, enquanto apontava para o rapaz - Eu vou querer ouvir uma Judgement of Corruption!

Kaito limitou-se a sorrir e disse:
- Talvez se responderes ás nossas questões. Como é que tu és o Oráculo de Delfos?
- Espirito do oráculo dentro de mim - respondeu o rapaz
- Muito bem. Se estavas á nossa espera então sabes a razão pela qual viemos certo? - perguntou Cláudia
- Sim, sabem que terão de salvar o vosso amigo. Ele encontra-se já na Grécia mas ainda não faz ideia que o seu destino é este. E não se encontra sozinho. Tem também mais filhos de Atena com ele.
- Mais? A família está a crescer - disse Cláudia a Kaito
- Eu sugiro que vocês encontrem uma forma de se entreterem até o rapaz chegar

Os dois filhos de Atena olharam um para outro, enquanto que o rapaz cantarolava. Kaito chegou ao pé dele e do seu bolso tirou o que pareciam ser dois bilhetes e deu-os ao rapaz.

- Leva quem tu quiseres. Também tens acesso aos bastidores!

O jovem oráculo parecia radiante. Enquanto os dois irmãos se afastavam dele, Cláudia perguntou:
- O que era aquilo?
- Bilhetes para o meu próximo concerto - respondeu Kaito
- Hey porque é que até agora eu não tive direito a bilhetes também?
- Pffff, como se tu precisasses de algo como isso - disse ele, esboçando um sorriso

O meu cérebro estava a funcionar a todo o gás.
Uau! Acabara de conhecer o Oráculo de Delfos. O inconveniente de ter um irmão super-famoso era que ele era sempre o centro das atenções. Não que eu não gostasse. O problema era que até os rapazes reparavam logo nele. Não que eu tivesse achado o Oráculo giro, aliás, ele aparentava ser um grande convencido, mas devia ser uma pessoa interessante. E eu adorava pessoas interessantes. Mas ultrapassei logo isso.
O Maighel estava bem. Quer dizer....ele estava com filhos de Atena, só podia estar bem. Essa parte da história é que estava muito mal contada. Eu pensava que todos os filhos de Atena estivessem no Acampamento, isto é, todos os com idade suficiente para estarem. Havia também aqueles que ainda não estavam a ser perseguidos...mas mesmo assim, se ele encontrasse, por acaso, um semideus durante a sua missão, ele ainda não teria sido reclamado, pois normalmente isso só acontece depois de se ter chegado ao acampamento.

-Uau, mano! Isto foi épico. Até o Oráculo de Delfos ouve a tua música. - brinquei eu.
Ele piscou-me o olho, rindo.
-Então, o que vamos fazer agora?-perguntou ele.
-O lanche parece-me bem! - disse eu. - O voo abriu-me o apetite.
-A mim também! Agora que estou em terra firme, e o meu estômago acalmou, estou esfomeado.

Fomos andando os dois a pé, até encontrar-mos um café. Também lá Kaito foi reconhecido, e acabamos por conseguir comer um lanche fantástico á borla. No caminho de regresso, já com o estomago cheio, íamos a conversar alegremente, quando algo aconteceu.

Saídos da floresta, vinham 2 gigantes, cada um do tamanho de um prédio de 5 andares, e munidos de maças.

-Eu não te disse que cheirava a semideus! - dizia um.
-Oh, sim! Logo dois! Parecem tão apetitosos!- dizia o outro.
-Hão de saber tãaaaaao bem grelhados no espeto!

Ok, eu estava assustada. Troquei um breve olhar com o meu irmão.
-Um para cada um.

Eu tirei logo o meu gorro, e enfiei-o na cabeça. A minha atenção virou-se exclusivamente para o gigante que me cabia. Ele cheirava horrivelmente mal, e estava desorientado, devido á minha invisibilidade.

Coloquei-me por detrás do monstro, e comecei a subir-lhe pela perna. Ele não me via, mas sentia-me, pelo que começou a abanar a perna, como e estivesse a tentar chutar o ar. Eu agarrava-me firmemente aos seus pelos, e dei graças aos deuses por os gigantes não fazerem depilação. A perna balançava cada vez mais, e eu aproveitei um impulso mais forte para trás para me largar. Fi-lo no momento certo, fazendo um arco por cima das costas do gigante, e aterrei no seu pescoço, que era duas vezes mais largo que a minha cintura. Tirei as minhas facas do casaco e enterrei-as firmemente no pescoço da besta, que se desfez em pó.

A aterragem não foi propriamente suave. Eu consegui cair numa posição apropriada, mas fiquei com as pernas um pouco doridas.

Ao meu lado, Kaito também se estava a saír bastante bem.

A batalha não parecia estar a correr assim tão bem para o rapaz, ao contrário da sua irmã. A verdade era que a única experiência de combate que Kaito alguma vez tivera, foi o combate na arena, e nessa altura, os seus oponentes não estavam preocupados em matá-lo, para o depois comer, e saber se ele sabia a sushi.

Com cada ataque que o gigante fazia, Kaito via uma grande quantidade de árvores a voar em todas as direcções, e na maior parte das vezes, era apenas com milímetros de distância que ele escapava. Ele não tinha a vantagem de não poder ser visto pela criatura, por isso teria de recorrer a outro tipo de estratégia. Enquanto Kaito olhava para os seus arredores, o gigante lançou um ataque, que mais uma vez, Kaito mal se conseguiu desviar. O ataque fez com que a árvore por trás de Kaito cai-se, na direção do gigante. O rapaz desviou-se da árvore, mas um dos ramos, tal lamina de uma espada, fez um corte no braço esquerdo dele, o que faz com que o seu escudo cai-se. Contudo isto deu uma ideia a Kaito. Começou a correr, á procura de uma árvore que fosse maior que o gigante (o que se provaria difícil). Contudo a sorte parecia sorrir aos filhos de Atena, naquele dia e o rapaz consegui encontrar uma árvore que correspondia á descrição. Kaito pós-se á sua frente, esperando que o gigante corresse na sua direcção. E foi isso mesmo que a criatura fez. Chegou ao pé do jovem e atacou com a sua maça. Kaito desviou-se e o impacto fez com que a árvore, começa-se a cair em direcção ao gigante. Kaito imediatamente passou ente as pernas do gigante e espetou a espada na perna do gigante, a fim de causar uma distracção. E assim foi, o gigante preocupou-se com o semi-deus, levando com a enorme árvore em cima. Com o gigante no chão, o mestiço deu-lhe o golpe final.


Depois da feroz batalha agarrou-se ao seu braço, claramente em dor.

Olhei para Kaito. O seu casaco, habitualmente impecável, apresentava-se rasgado em vários sítios, e uma enorme mancha de sangue alastrava-se no seu braço esquerdo.

-Kaito, estás bem?-perguntei eu, muito preocupada, enquanto avançando para ele, cambaleante.
-Eu estou bem. - disse ele, reprimindo um esgar de dor quando tentava mover o braço. -Isto foi só um arranhão. E tu?
-Isto já passa. - respondi eu, amarrando-me a uma árvore.

A nossa sorte foi que estávamos perto do Templo de Delfos, ao lado do qual morava o Oráculo. No caminho até lá, parecíamos dois sobreviventes de guerra, a sorte foi que ninguém nos viu.

Batemos á porta, e o Oráculo abriu logo.
-Será que nos podia dar uma ajuda? - perguntei eu. - É que acabamos de lutar contra dois gigantes, e tal...
Ele percebeu logo, e tratou-nos logo, dando-nos ambrósia e nectar. Todos os ferimentos se curaram instantaneamente: as minhas pernas deixaram de doer, e a ferida de Kaito parecia que nunca existira.

No final virei-me para ele e disse:
-Parabéns, maninho. Acabaste de matar do teu primeiro monstro.

-Pois, muito obrigado. Mas se isto for sempre assim, acho que vou acabar sem casacos - disse ele, enquanto sorria.
Cláudia respondeu também com um sorriso e de seguida disse:
- Quando é que o Maighel vai perceber que tem de vir para aqui? Acho que o sol anda-lhe a fritar o cérebro.
- Ahaha - riu Kaito - Tem calma, mana. Se ele realmente está com outros filhos de Atena, então tenho a certeza que não devem tardar muito.
- Espero bem que sim - respondeu Cláudia que de seguida se virou para o Oráculo - É verdade, o Oráculo no nosso acampamento, quando proferiu a missão, disse-nos que nós iriamos ajudar o seu irmão. Tu por acaso previste se vais precisar de ajuda?
- Bem agora que mencionas isso... A minha casa de banho está bastante suja... Podiam-me dar uma mãozinha

Os dois irmãos olharam um para outro e suspiraram

-Não, não podíamos. - respondi eu, com um sorriso seco.

-Estava a brincar! - disse ele, sorrindo. - Calculo que estejam cansados. Têm onde ficar?
-Nós estávamos a pensar em acampar. - respondeu Kaito.
-Ah, não! Ficam em minha casa. Já tenho um beliche preparado para vocês no quarto de hóspedes.
Nós ainda tentamos argumentar, mas o Oráculo deu o assunto por encerrado, mostrando-nos o quarto.
-Fiquem á vontade. - disse, saindo. - Chamo-vos daqui a 2 ou 3 horas, para o jantar.

Kaito tirou o casaco, que apresentava vários cortes, além da mancha de sangue.
-Queres que o cosa? - perguntei. Sabia que era importante para ele manter a imagem.
-Conseguias? - perguntou ele, esperançoso.
-Claro!- respondi eu, sorrindo. - Não vai ficar como se tivesse saído do alfaiate, mas vai dar para vestir.
O Oráculo emprestou-me linha e agulha, e eu depressa me meti ao trabalho. Passados vinte minutos, estava pronto. Só faltava a mancha de sangue.
Voltei a chamar o nosso hospedeiro, que pegou nele como se fosse uma relíquia, e prometeu que no dia seguinte, logo pela manha, estaria lavado e seco.

Quando finalmente "aterrei" no beliche (eu tinha ficado na parte de cima), adormeci em menos de um minuto, de tão cansada que estava.

Na manhã seguinte, os dois irmãos acordaram bem cedo. Perto da cama de Kaito estava o casaco agora quase imaculado

- Muito obrigado, maninha. E que este casaco foi a prenda de uma pessoa e se essa pessoa descobri-se que eu o tinha estragado, não crei que viveria para ver o sol raiar amanhã. És maravilhosa!

Os dois sentaram-se numa mesa a tomar o pequeno-almoço. Depois de já estarem bem alimentados, decidiram ir dar uma volta pelas redondezas. Quando iam entrar no que parecia ser uma floresta, um figura apareceu mesmo á sua frente. Era Maighel, e a seu lado vinha um rapaz

-MAIGHEL? - perguntei eu, aliviada.
-Cláudia....? - ele parecia desorientado.

Eu corri a abraçá-lo.
-Caramba, estava tão preocupada....pensei que que já estivesses morto.
Foi só aí que o olhei com mais atenção. Ele estava coberto de cicatrizes recentes, sujo, esfarrapado, e com uma expressão de desalento estampada na cara. O rapaz ao lado dele não estava em melhor estado.
-O que aconteceu?- perguntei-lhe.
Ele abraçou-me, e desfez-se em lágrimas. Era óbvio que ele estava assustado, e desorientado
-O Marphin.....ele morreu. - disse ele por fim. - Os deuses estão furiosos comigo, e continuo sem perceber o que tenho de fazer para cumprir a missão.
-Di immortales! Estás ferido? E quem é esse teu amigo? - era óbvio que eu estava preocupada com ele...
-Não, não, está tudo bem. - era claro que ele não estava... - Este é o Brandon. Um filho de Atena. Encontrei-o durante a missão...
-Então estamos entre família! - disse eu, sorrindo. - Olá Brandon, - eu cumprimentei-o com um aperto de mão afetuoso - eu sou a Cláudia Silva, líder da cabana de Atena, e tua irmã!
O rapaz estava em estado de choque.
Kaito avançou e cumprimentou-o da mesma maneira.
-Olá! Eu sou o Kaito, e também somos irmãos!
Depois de estar-mos todos apresentados, seguimos para a casa do Oráculo para curar as feridas de Maighel de Brandom, e para partilhar-mos as nossas histórias.

- Então, não será muito dificil perceber que se realmente e um titã teremos de tratar dele depois - disse Cláudia - Isto não é uma grande profecia...

- Mas ainda teremos que enfrentar a Heliade. Esse deverá ser o nosso desafio...E duvido muito que ele apareca sem reforços - respondeu Kaito

- Bem, seja como for, ainda temos temp... - Miaghel não conseguiu sequer acabar a frase, quando uma enorme explosão se seu sobre a casa. Tudo se tornou um clarão enorme, que deixou os mestiços temporariamente cegos. Quando recuparam a visão, a sua vist não era nada agradavel. A Helíada situa-se a frente deles, com mais um Ctónico e cerca de 4 gigantes

- Muito bem - disse Cláudia - Kaito trata de dois, que eu tambem o farei. Depois inveristemos os 3 sobre a Heliade e o Ctónico
- Então e eu? - arguiu Brandon
- Tem calma, rapaz. Tu ainda não sabes nada sobre combate. Se avançares ainda acabas morto! - disse Kaito

Kaito avançou para os 2 gigantes, tal como Cláudia. Rapidamente os irmãos deram cabo de tais criaturas. Contudo, Miaghel não segui o plano, e foi em carga contra a Helíade, sozinho. O Ctónico pos-se a sua frente e derrubou-o, e a Heliade rapidamente pos o seu pe em cima do peito filho de Apolo

Eu tinha acabado de espetar Sofia no coração do 2º gigante quando vi o que se estava a passar.

Maighel estava deitado no chão, e a Helíade estava a pressionar-lhe o peito com o pé. O Ctónico estava ao lado deles, de braços cruzados. Nunca me esquecerei do que se passou a seguir. Brandon, que tinha saído da sala, regressou empunhando uma catana que estava pendurada no hall de entrada. Ele avançou, silenciosamente, aproximou-se do Ctónico por trás, sem ele ver, e apontou-lhe a arma, dizendo á Helíade:
-Ou tu largas o meu amigo, ou eu mato o teu!

Era evidente que ele tinha aprendido muito com o livro que o Maighel lhe tinha emprestado. O problema é que Brandon não conhecia a força do Ctónico. Este, ao ver-se ameaçado, soltou uma gargalhada que mais parecia um rugido, e sacudiu para trás o braço, desfazendo a catana, e esmagando literalmente o pobre Brandon. O que outrora fora um semideus, era agora uma massa indistinta de carne e ossos partidos.

-NÃÃAAAAO! - Gritamos eu, o Kaito e o Maighel ao mesmo tempo.
Kaito depressa se recompôs, e aproveitou o momento de distracção para, num único golpe de espada, decapitar a Helíade. Maighel, vendo-se livre, descarregou a sua raiva no Ctónico sob a forma de uma onda de calor que quase o incendiou. Eu dei o golpe final, atirando-lhe Sofia ao peito, que o desintegrou.

Todos nós estava-mos em estado de choque. Eu e Kaito ainda há pouco tínhamos ganhado mais um irmão...e já o tínhamos perdido. Nós abraça-mo-nos, chorando. Aquela viria a revelar-se a primeira de um vasto ciclo de perdas....

Quando finalmente nos recompusemos, eu declarei:
- O Brandon foi um semideus, e morreu dignamente, como tal, terá um funeral igualmente digno quando tudo isto tiver acabado, e regressar-mos ao Acampamento.

Quando acabei olhamos todos na direcção onde outrora jazia o seu corpo desfeito. Misteriosamente, ele tinha desaparecido. Ao longe, uma coruja piava, apesar de ser dia.

-Bem, eu acho que a minha profecia está cumprida. - declarou Maighel. - Cheguei a Delfos, e matamos os monstros. Isto deve bastar para que as musas me inspirem.

-Se a tua está cumprida, então a nossa também está. - acrescentou Kaito. - Encontramos-te e salvamos-te.

Passadas algumas horas, despedi-mo-nos do Oráculo, que emprestou um pégaso a Maighel, e partimos. De facto, as musas haviam inspirado o filho de Apolo, que passou a viagem toda a declamar poemas, dos mais variados géneros, mas todos apropriados, batendo mesmo o recorde de poemas que eu ouvira alguém a declamar seguidos, que pertencia ao próprio Apolo.

A viagem correu bem e, quando aterramos no Acampamento, tínhamos os nossos amigos todos á espera, para saber as nossas aventuras.

O funeral de Brandon foi no dia seguinte. Uma vez que Brandon nunca frequentara o Acampamento, não houve muita lágrimas, mas foi um funeral digno de um semi-deus que morreu como um herói.