Monstro em Roterdão (4º Combate)

Na cidade onde a arquitectura moderna se mistura com as construções e costumes de séculos passados, no seio do país que pertence ao mar, algo se move e adorna a cidade por onde quer que passa. O entrançado de serpentes que lhe cinge as vestes balouça ao ritmo dos seus passos calmos e cuidadosamente medidos. Caminha na cidade do oceano, pois foi o Oceano, na sua forma mais impura, que lhe fez aquilo. Uma vez bela, há muitos milénios atrás, agora, juntamente com as suas irmãs, compartilha do castigo da ignorância e da insolência, e vê-se vítima das disputas dos habitantes do Olimpo. Levantando-se pela última vez, e testando a sua mortalidade, voltou com o objectivo de destruir a descendência daqueles que a desgraçaram: o que a fez profanar o templo e aquela que outrora foi o seu espelho.

Avançando por Roterdão, por entre as estátuas demasiado realistas que ornamentam as ruas. Tudo parece morto naquela parte da cidade, e os 7 mestiços começam a sentir-se nervosos ao perceber aquilo que os espera.
- É ela, pessoal... - disse Cláudia, e todos perceberam quem ela era.
- Isto não me cheira nada bem... - comentou André, olhando em seu redor mas, ao mesmo tempo, tentando não olhar.
- Vai ser uma luta às cegas, então. - sentenciou Alice, ao que todos se arrepiaram.
Enfrentar um monstro já era, por si só, uma tarefa árdua. Se não pudessem fazer uso do seu principal sentido, a visão, a tarefa assumiria proporções abismais.

Minutos depois, Jason, súbita e autoritariamente, disse:
- Parem!
Todos fizeram o que ele ordenara, e puseram-se à escuta. Não muito longe, ouviam o sibilar de serpentes misturado com o som de leves passos. Momentos depois, uma voz poderosa fez-se ouvir:
- Oh, maravilha! E aqui estão eles! As minhas queridas crianças.
Assim que a voz da Medusa se fez ouvir, todos desviaram o olhar.
- Mas vieram mais do que deviam? Paciência, morrem todos, não sou esquisita.
- Ai é? Pois nś também não! - disse Maighel, avançando na direcção da voz com a espada em riste. No entanto, segundos depois, os mestiços ouviram-no a praguejar. Depressa perceberam porquê, pois aconteceu-lhes o mesmo que a ele: as serpentes que acompanhavam a Medusa tinham apanhado e prendido Jason e os filhos de Apolo. Apenas Cláudia, Fábio e André permaneceram incólumes.
- Agora, sim! Cingir-nos-emos ao essencial, sim, pequenas criaturas?
- Por que nos queres só a nós? - perguntou Fábio?
- Por que vos quero só a vós? Que pergunta! Porque são VOCÊS, VOCÊS E MAIS NINGUÉM, OS FRUTOS DOS DESGRAÇADOS QUE ME DESGRAÇARAM, A MIM E ÀS MINHAS IRMÃS!
- Mas estás a falar de quê? - perguntou André, enquanto circulava, de escudo na mão, à espera da melhor chance de ataque.
- Atena! A Medusa era sacerdotisa no templo de Atena! E foi Atena quem transformou as Górgones nos monstros que são.
- E o que tem o nosso pai a ver com isso?
- O velho Algas??? TUDO!!
- Se ele era assim tão velho como diz, como foi que caiu na tentação? - perguntou Cláudia, provocando a inimiga e começando a atacar. As crianças do mar seguiram o seu exemplo, aproveitando as ondas de raiva da Medusa, que agora gritava.
- Cala-te, sua menina insolente! Não sabes nada! NADA! Foi inveja, inveja!! Eu era bela, oh, quão bela! Parecia-me com ela, sabias? E por isso fui usada! USADA! TRATADA COMO UM SIMPLES OBJECTO NUM DESSES JOGUINHOS DOS DEUSES!

Entretanto, os filhos de Apolo estavam a desembaraçar-se das serpentes, o que estava a demorar algum tempo, pois cada vez apareciam mais e maiores.
- Bolas! Assim nunca mais acabamos! - queixou-se Maighel.
- Então, mano. Olha aquela ali: parece uma Anaconda. 'Bora ver o que tem dentro? - perguntou Micaelis, gracejando e tentando fazer aquilo parecer melhor do que realmente era.
- Quem diria. São ambos uns engraçadinhos. - rosnou Alice, que não parecia muito satisfeita, tanto com os seus adversários como com os seus companheiros de luta.

- A culpa foi tua! Cedeste à tentação! E ousaste comparar-te a uma deusa! - disse Cláudia.
Neste ponto, Medusa já não respondia, tentando defender-se o melhor que podia, o que se estava a tornar difícil, pois os mestiços já se tinham habituado ao uso do reflexo como base para ataque e defesa, e os seus ataques eram cada vez mais eficientes.
- Seus maldi-----
Mas a frase ficou a meio, uma vez que a criatura fora derrotada. Fábio espetara-lhe a espada na barriga, enquanto que André a decapitara e Cláudia depressa a cobriu com o seu casaco.
Pela mesma altura, os irmãos tinham terminado a chacina com os amiguinhos da Medusa.
- E então? O que fazemos com ela? - perguntou Fábio, apontando com um ar de repugnância para o volume debaixo do casaco de Cláudia.
- Hum...talvez a possas mandar ao teu pai! - sugeriu Cláudia, rindo-se.

Todos os participantes foram recompensados.